14 junho 2008

como se eu estivesse deitada na cama, duas luzes muito fortes na minha direção, com os cobertores tão conhecidos. como se eu estivesse ali e ouvisse seus passos fortes subindo as escadas. eu sinto um pouco de náusea, os passos me entorpecem.

me lembro de todas as vezes que estive aqui, as luzes criam formas estranhas e se misturam com a fumaça que sobe aos poucos. o quarto está fechado e você nunca chega, as escadas são muito longas. olho pra todos os lados tentando achar algo que me conforte:um copo metade vazio, algumas anotações esquecidas, pequenas caixas que nunca abri e um cinzeiro, mas nada me faz ver você ( uma vez já fizeram ).
não sinto nada além dessa náusea, verdade que muitas vezes nesse mesmo lugar senti coisas boas, você sabe, aqueles pequenos pedaços de vida, agora é tudo um pouco estático, um pouco duro demais, não existe porta ou janela ou espaço pra fuga.fiquei presa na minha própria glória.

o problema é que você nunca chega, nunca chega, nunca chega, nunca chega, nunca chega, nunca chega, nunca chega mas eu continuo ouvindo os passos, ao longe.

2 comentários:

Marcella Klimuk disse...

um dia chega com a desculpa que tava na cama de alguém .

Unknown disse...

eu prefiro a metáfora do outro lado da laranja. mas aí tem o seguinte também, a outra metade da laranja é uma metade exatamente igual à primeira metade. então não tem aquele lance do "todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa, que nem feijão com arroz", a não ser que seja uma laranja meio mutante, meio abóbora, mas só depois da meia noite. antes disso a outra metade da laranja pode ser gelatina ou crème brûlée também. mas é altamente não recomendável se falar de comida (puxa, que duplo sentido) tão perto do almoço.