16 outubro 2012

tua careca brilha
mais que qualquer coisa
nessa manhã de estranhezas

26 setembro 2012

mau poeta

o poeta artesão põe-me em dúvida nas questões mais cruciais;
será que existe em mim algum resquício de poeta?
confesso que em mim deva surgir
uma certa inspiração,
um êxtase inconsciente
de transformar em linguagem aquilo que sinto.
mas hesito,
admito as más construções
e os receios da racionalização.

Me ocorre, inevitavelmente,
a consciência de um horror imediato
real, de sangue, de mim-mesma.
peço humildemente para que reveja, caro artesão:

o real pra mim é apenas escuridão, não posso enxergar.
é na beleza inconsciente
das coisas que não existem dentro de mim
que surgem as palavras.

20 setembro 2012

demonstrativos


22 junho 2012



o desejo de permanência
esse pensamento pedra
nada mais é do que o horror de minha morte,
a visão de janela surge-me
dócil e ainda assim intensa e certeira
como um abraço amigo que há tanto não sinto
veja:
já não existe em mim
nada
que não seja o desejo de pedra,
porque não fluo como as correntezas,
não posso crer
em nenhum pássaro.



14 maio 2012

no meu coração esse conceito quebradiço

29 janeiro 2012

E esse sonho que se estende
em rua, em rua
em rua
em vão

10 janeiro 2012

nessa ausência de poesia há ainda
uma singela compreensão.
redescobrir,
sem querer,
a dificuldade de amar
e mesmo assim
querer com toda força
tua feição:
tão séria
tão bonita
indecifrável.
não vejo e não vês
mas permaneço
adentro no mais fundo que há em ti
e busco teu coração de menino
tua palavra mais doce - difícil caminho
que percorro sem salvação.