22 janeiro 2020

Peço disciplina ao 
corpo, acordo em tempo e testo 
o perdão aos erros estratégicos, à permissão gozosa;
Volto ao templo do templo: 
visão avessa onde 
O tigre ainda adormece.
Sinto que posso acordá-lo a qualquer instante
Para brincar de morrer 
mais uma vez 

01 setembro 2019

I - Do inimaginável 

Eu te olho como um delírio na mesa do bar
Pulsa o desejo - o que não nomeio:
Mãos dadas ao acaso da noite sem fim
Me olha a serpente que ainda não emaranhou-se de mim

II - do desejo

Eu te vejo com a clareza dos que esperam algo mais:
Você está exposto e nu diante de mim;
A cidade chama nossos nomes à claridade do dia. 
Todos os pesadelos fazem-se luz no olhar que cruza a verdade

III - do delírio

A cidade é o cenário da coragem nos passos que andam rápido, 
lado a lado.
Te olho com a firmeza da intenção mágica - 
reconheço que quando a noite chega nada fica 
no lugar, 
Teu sexo é direcionamento do meu eu mais denso, 
não existe performance que adentre mais 
do que a própria natureza da nudez - 
a serpente me encara

IV - da neblina

Sufoca a loucura não linear
Os membros se desfazem no delírio da noite - a lua e os cães uivando
Te vejo adormecer no meu sonho mais lúcido, não posso tocar o que adormece
Ponho-me agora
acredite - 
A crer em pássaros
Pude olhar pela primeira vez
Genuinamente
Todos eles em direção ao verão 
(Um sol ameno preenche espaços) - cria na sombra desenhos que decifro - me parece a própria vida.
Tenho a certeza de que a natureza é uma espécie de Divindade que posso tocar
E brincar
Percebo tua presença sutil mas desatadora:
Segundo a segundo vai-me abrindo os nós
Recolocando fragmentos; juntando meus membros cansados e assim, como se houvesse uma criança em mim, volto a nascer.
Tu, serpente
Que entrelaça seu corpo esguio comprido escorregadio emaranhando movimentando sufocando e depois me olhando fundo no olho e com o corpo grudado ao meu me diz adeus

12 março 2019

Onde tudo se move
Aponto a direção 
-teu pescoço na mira -
Atrito e lago
Onde tudo se move:
a pele como órgão vivo e comprido -
Dilui tempo 
Espaço-tempo, buracos de mim
Quando encosta este outro órgão também
Onde tudo se move
eu te percebo;
Atenta e em correnteza.








11 junho 2018

crer em pássaros
não é só um desejo
infantil
estou certa de estar
entre corvos sem asas

07 julho 2017

Your lips, my lips, apocalypse

Parece que meu corpo
Sabe e
Responde teus anseios:
Eu vou lamber sua alma

12 abril 2017

essa ilha me habita
oceanos de nada 

07 agosto 2016

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ontem eu estremeci. você estava na cama e eu tive aquele ímpeto de chorar.


eu olho você


- um corpo que mal cabe na minha cama de viúva 
pela primeira vez pude analisar melhor teus detalhes – aquele rosto tatuado de diabo definitivamente tinha olhos azuis. 
vasculho seu corpo

atravessando a noite




07 janeiro 2016

eu nunca alcançarei teu coração de menino

I

ainda não estamos exatamente aqui
você ainda não é o que
irremediavelmente se
tornou
um tipo de matéria
inadentrável
não existe salvação
- nao posso crer
você me olha
a cama está arrumada e não existe nada
além de nós

 II

não há nada no lugar
dois corpos estranhos
se conectam num tempo-espaço que não
existe
cachaça
dose a dose -
estou triste como o inferno.




 


22 março 2014






os amigos à mesa:

tua palavra sem concessões
logo a cantar
atônito, bêbado, irritantemente
apaixonado - te amo quero transar.



18 fevereiro 2014

o espaço permanece ambíguo; fonte de desejos intermináveis e
queda

brusca.

 se Deus existisse, com certeza eu estaria chorando.

25 janeiro 2014

não existe uma palavra sequer
que transforme despedidas em encontros

um olhar atravessa a janela,
cambaleia
percorre distâncias -
intangível.
 num quarto de esperas,
os corpos:
areia movediça, desfazem-se em peso
de tempos
em
tempos.


07 agosto 2013

por piedade ausentou-se
e na ausência, pura audácia
 não soube
um verso que coubesse
o descomedido pavor:

acalentou-se de silêncios,
ousados murmurinhos de
lamento.
só e de livre arbítrio, tomou-se por vencido,
na palavra só é possível errar




04 junho 2013

minha mente é natureza duvidosa
 refina apenas
 cinzas de cigarro.
inútil,
transborda em lixo
poético.
transforma em torpe lucidez
as esquisitices
que o amor produz.
eu também não vejo
alarde
não morro
nem
nada.
movendo-me em verdade,
os tremores avançam.
vejo -
sou eu,
descompassada,
sóbria em desejos
tomada por silêncios
de múltiplos
espíritos,
quem vos fala:

clareio
esvazio

 asseguro.
essa haste
se rompeu

31 maio 2013

distancio-me.

se vês bem
 repara

neste solo
(semântico)
fervilha
minha esperança.

28 maio 2013

por puro afrontamento
busco minudências
- aneis de prata, sombras na parede,  timbres,
seu sorriso.
um equilíbrio infindável, piedoso.

inverto os papéis,
abomino as catástrofes do
tempo.
o presente é
outro.

13 maio 2013

I

confio nas distrações da
noite,
vejo uma estrela
     penso estrela

...
.......

...............................

II

- refuto a verdade absoluta do meu
corpo
e flutuo
nas frestas
  da memória da pele -
no coração de Antares 
minha eterna
obsessão:

num rio que não se move,
tu te encontras exatamente
no mesmo lugar -
ignoras teu peito que
GRITA;

 III

no teu mais singelo ato,
nos trejeitos mais comuns de sua natureza (fuma cigarros com inegável charme),
nada em mim
pode dizer
a grandeza deste fato - consumado, destinado, mil vezes incansável -
já não existe em mim a palavra esquecimento.